Calma lá!
Antes que você se empolgue ou se enerve, que concorde ou discorde, deixe-me contextualizar a frase.
Escrevo este texto na noite do domingo de carnaval.
Neste final de semana, casualmente, me relataram quatro casos muito semelhantes, envolvendo claro, o RH, planejamento e muita comunicação, ou melhor, a falta dela.
Colocarei apenas um caso, que retrata bem os demais.
Trata-se de uma empresa de médio porte, com um escritório administrativo em um bairro nobre de São Paulo, com cerca de 50 colaboradores e uma fábrica no interior do estado com 200 colaboradores. Na semana anterior ao carnaval, mais precisamente na segunda-feira, ocorre uma reunião da alta gerência para bater o martelo sobre as dúvidas quanto ao carnaval. A empresa daria o feriado ou não?
Ficou decidido que não haveria feriado e o trabalho seguiria normalmente. Vendas, animada, informou aos clientes que não haveria feriado e novos pedidos entraram, envolvendo um planejamento em cascata de várias empresas fornecedoras.
As áreas de vendas e produção sentaram para definir o cronograma de produção e entregas para os clientes. A Engenharia de Produção refaz todos os cálculos, envia pedidos de matérias primas, embalagens, etc para compras que se põe a planejar e negociar as aquisições.
Terça-feira….. quarta-feira…. quinta-feira.
No final da tarde de quinta, o RH solta uma circular, informando que a empresa reconsiderou e que concederá feriado na segunda e terça de carnaval.
O gerente da fábrica fica sabendo pela festa que sua secretária fez, ao entrar em sua sala com a tal circular em mãos.
Furioso, ele fala com vendas e marketing, que também tinham acabado de saber do fato, também pelos corredores. Ligam para o gerente de RH e antes de mais nada soltam: “RH de Merda”.
Fim da história.
……
Para quem habita o universo organizacional há um certo tempo pode estar pensando: “já vi este filme”, ou “quem nunca”.
Com este relato, gostaria de trazer a reflexão sobre a importância da comunicação fluida, limpa, transparente e alinhada. Não se trata aqui de ir a fundo para descobrir onde a comunicação truncou, e quem não fez o que.
Quero trazer o foco para uma área, já normalmente desvalorizada dentro das organizações, o RH, que não pode dar-se ao luxo de deixar pontas soltas em processos complexos.
A frase que dá título ao texto ecoou por toda a empresa. O estrago estava feito.
Poucos, talvez ninguém, antes de replicar a frase, tenha investigado quais as circunstâncias envolvidas, quando a decisão foi mudada, quem autorizou, quem estava presente, quem ficou de informar quem, e tantas outras perguntas que poderíamos formular.
Muitos gestores irão se manter em silêncio, para se proteger, já que o “culpado” havia sido eleito: o RH de merda.
Esta história lembra muito outra onde existem quatro personagens: TODO MUNDO, ALGUÉM, QUALQUER UM e NINGUÉM.
Resumindo é assim: “Havia um trabalho importante a ser feito e TODO MUNDO tinha certeza de que ALGUÉM o faria.
QUALQUER UM poderia tê-lo feito, mas NINGUÉM o fez.
ALGUÉM zangou-se porque era um trabalho de TODO MUNDO.
TODO MUNDO pensou que QUALQUER UM poderia fazê-lo, mas NINGUÉM imaginou que TODO MUNDO deixasse de fazê-lo.
Ao final, TODO MUNDO culpou ALGUÉM quando NINGUÉM fez o que QUALQUER UM poderia ter feito”.
E você? Já viveu alguma situação semelhante?