Quando uma organização deveria contratar uma palestra?
Quais motivos justificam esta contratação?
Quais resultados se espera desta intervenção?
Estas e outras perguntas são muito comuns no mundo organizacional e a prática mostra que poucas empresas sabem responder a todas elas e, assim, continuam não contratando e perdendo boas oportunidades ou contratando errado e jogando dinheiro no lixo.
Quero ajudar principalmente você, executivo de RH ou de uma área operacional que quer aprender quando e porque contratar um palestrante. Palestras podem e devem ser excelentes investimentos que geram resultado, mas para que isto aconteça, não basta contratar o palestrante que está na moda no momento, ou um de grande renome. Isto, por si, não basta. O contratante precisa estar muito preparado e estar apto a planejar a palestra junto com o palestrante.
Semanalmente recebo várias vezes a seguinte pergunta: “Você faz palestra motivacional?”
Quando pergunto o que, exatamente está acontecendo na empresa e porque pensaram em uma palestra, uma resposta comum é que “precisamos dar uma turbinada no pessoal”. Muito bem, o ânimo está em baixa, a motivação caiu e o pessoal está meio murcho. Antes de prosseguirmos no diagnóstico há que se investigar as causas desta queda. Uma palestra não pode se prestar a ser simplesmente um energético momentâneo.
Muitos pontos precisam ser analisados.
- O que está acontecendo na organização é localizado ou sistêmico?
- É um problema com a a alta cúpula que está irradiando insegurança?
- É um problema localizado na média gerência?
- Vem de baixo para cima?
- Há quanto tempo isto ocorre?
- Ocorreram mudanças recentes que geraram insegurança?
- Houve cortes de pessoal? Esperam por outros?
- A organização está com desempenho ruim no mercado com riscos a sua estabilidade?
- O nome da organização está comprometido?
- Qual o nível de engajamento das pessoas com a organização?
- Existe pesquisas recentes de clima organizacional? Compare com as anteriores.
- Qual o nível de turnover da empresa?
- Qual o nível médio de maturidade dos colaboradores?
Estas e outras perguntas precisam ser respondidas com a maior precisão possível sob o risco de um diagnóstico falho. Contratar uma palestra com a expectativa de “turbinar o pessoal” é um dos piores investimentos possíveis, principalmente quando não está sobrando dinheiro. Normalmente, nestas situações, ocorrem duas escolhas clássicas. Contrata-se um palestrante famoso, cujo nome motive as pessoas a ouvi-lo ou um daqueles clássicos que agitam a platéia, fazem todo mundo pular, toca música sentimental no final, arranca algumas lágrimas e fecha com um chavão motivacional. No primeiro caso, do famoso, o custo é elevado e a empresa quer mostrar que a “turma vale o investimento”. Normalmente estes palestrantes trazem uma palestra de cardápio que mais se aproxima do briefing recebido. No segundo caso, o animador, apesar de toda a informação que recebeu sobre a empresa, ele tem um roteiro padrão, e um script decorado com vários clichês que deram certo em palestras anteriores.
Procure assistir várias palestras antes de contratar uma para pegar o jeito e o estilo de cada um.
Por que uma palestra e não um workshop mais profundo?
A resposta para esta questão depende do público alvo à ser trabalhado e da profundidade necessária. Já tive casos de chamados para palestras que resultaram em workshops e vice versa. Quando você tem um aspecto específico à ser trabalhado, especialmente um aspecto comportamental que precisa de reflexão, análise e mudança, um workshop para os principais envolvidos será um tiro certeiro. O efeito cascata pós workshop é fantástico quando o trabalho é bem conduzido. Em workshops eu tenho a limitação entre 25 e 35 pessoas, a depender do tema e da metodologia a ser utilizada.
Uma palestra é um elemento principalmente sensibilizador, para públicos maiores, pode-se trabalhar de dezenas a milhares de pessoas, que desperta a reflexão, que deixa uma pulga atrás da orelha, que traz um comportamento latente à tona na voz do isenta do palestrante, que não se refere explicitamente àquela empresa, mas diz como isto está acontecendo lá fora e quais os riscos e efeitos danosos decorrentes. às vezes, ele pode até abordar questões delicadas internas, coisas que todos sabem, mas quando ouvidas de outra pessoa, de fora, soam diferente. Nada do que os líderes já não tenham dito, mas tem hora que “santo de casa não faz milagre”.
Uma palestra precisa deixar uma mensagem que perdure, fruto de uma reflexão, de um incômodo que provocou, de uma sacudida que deu. Futilidades e oba oba por si só não agregam valor, além de “queimar o filme” tanto do palestrante que não estudou direito o cenário da empresa, como de quem contratou, que ficará ouvindo um bom tempo que fez uma péssima escolha, além de ter sua competência colocada em cheque.
Isto é um pouco sobre o “quando e porque”. Em uma próxima postagem falarei sobre o como.
Grande abraço e aprofunde a análise do que acontece.
Luciano Lannes