Trabalhar em equipe é ter o fazer juntos como um valor importante e imprescindível para a própria existência humana. Temos a impressão e, por vezes a certeza de que vivemos separados dos outros, que cada um deve cuidar de sua própria vida e pronto. Basta uma greve de caminhoneiros para fazer um país parar, seu tanque de gasolina secar e seu carro ficar parado na garagem. Ir ao supermercado e ver a diversidade de ofertas diminuir a cada dia. Em países que enfrentaram guerras é comum termos uma consciência maior da inter-relação que existe entre todos os que compõe a sociedade e, que ela só funciona pela ação individual de cada pessoa dentro de um sistema organizado.
Morei na Alemanha no início da década de 90 e naquela época ainda era possível conversar com muitas pessoas que haviam vivido a guerra e participado do trabalho de reconstruir um país completamente destruído.
Vou contar a história de uma destas pessoas. Estava trabalhando na Alemanha já há alguns meses, quando me chamam para uma comemoração de aniversário na sala ao lado. Ao chegar, vejo que o aniversário era de Manfred, um colega que se transformou em amigo. Entre muitas conversas e parabéns chega o bolo com as velinhas já acesas. Para minha surpresa as velinhas, um quatro e um zero, faziam o número 40. Aquilo não fazia sentido para mim, pois achava que Manfred fosse muito mais velho. Na época eu tinha 32 e já o considerava um senhor. Todos cantando “Zum Geburtstag viel Glück!” que significa “pelo seu aniversário, muita sorte” e eu pensando em como ele havia envelhecido precocemente e montando conjecturas e cenários explicativos. Mas nada fazia muito sentido. Conversando com outros colegas procurei investigar como podia, plantando verde para colher maduro como dizemos, com frases do tipo “puxa vida, 40 anos….”. E os comentários eram neutros, como “pois é…. muito tempo mesmo…”. Lá pelas tantas, alguém com quem conversava disse “Meu Deus, 40 anos de BASF, ele passou a vida toda aqui…”. Naquele momento travei. 40 anos de empresa. Ai não fazia sentido também. Ai. fui conversar com o próprio aniversariante e compartilhar minha surpresa.
Ele me conta que começou a trabalhar na empresa como aprendiz, ainda adolescente, para ajudar a reconstruir, literalmente reconstruir as fábricas que haviam sido completamente destruídas na guerra. Ficou claro então o vínculo que ele tinha com a empresa, do porque que ele colocava tanto carinho e atenção em cada trabalho que realizava. Ele tinha um enorme orgulho em pertencer àquela organização.
Este é um dos fatores mais importantes que geram o amalgama que dá profundo sentido em estar em um lugar, trabalhar em uma empresa ou estar em uma equipe: ORGULHO. E este orgulho bom, relacionado a satisfação e valorização, faz com que façamos o máximo para estar à altura de pertencer àquele grupo ou organização que tanto admiramos. O mesmo ocorre com integrantes de grupos como Olodum, orquestra sinfônica, escolas de samba e tantos outros. Este orgulho de fazer parte do todo propicia enxergar o todo e não somente a minha parte e também facilita a interação com outros, que como eu, também sentem orgulho de pertencer e querem fazer mais e melhor. Juntos podemos encontrar formas harmônicas e eficientes de fazer isto.
Torcedores de times de futebol sentem na pele e na alma. Antigamente, (papo de velho) os jogadores de futebol passavam a vida em um mesmo time, que via de regra era o seu time de coração. E quando jogavam, sentiam um enorme orgulho de pertencer. Hoje, na maior parte jogadores são profissionais que prestam serviço por um salário, por vezes um gordo salário e, tem uma relação comercial com o time, não de coração. Imagine um torcedor vendo seu time do coração perdendo um jogo e os jogadores apáticos em campo. Ele fica indignado em não ver “sangue nos olhos” dos jogadores, vontade de brigar até o último minuto e até a exaustão.
Orgulho de pertencer é um diferencial de grande equipes, grandes organizações e grandes países.
O que os líderes de sua organização estão fazendo para criar um ambiante, um trabalho, um conteúdo que sejam dignos de orgulho?