Dia 2 outubro foi escolhido o dia internacional da não violência em homenagem ao nascimento de Gandhi.
Ele foi um mito em vida e um símbolo da força dos movimentos a favor da paz e de relações harmoniosas. Gandhi inspira muitas pessoas principalmente por seu exemplo, suas ações no dia a dia serem extremamente coerentes com seu discurso. Sua famosa frase
“seja você a mudança que deseja ver no mundo”
reflete seu pensar. Muitos o admiram e citam suas frases e seu exemplo, mas quantos de nós estaria realmente disposto a caminhar em direção a soldados armados sem fazer nenhuma violência, não importando o que os soldados fizessem? Creio que bem poucos. Aqui não é para nos sentirmos mal com isto, mas para pensarmos nos modelos que temos cristalizados em nossa mente sobre como agir frente a violência. Aprendemos a reagir, a contrapor. Aprendemos que precisamos nos impor para virarmos capacho do outro. Histórias culturais de exploração invariavelmente levam a movimentos de revanchismo. Como se fosse equilibrar a balança histórica. E estes movimentos de acertos de conta entre povos são feitos por vezes com intervalo de gerações.
Se Gandhi tivesse sido consultado sobre o título deste dia com certeza ele não aprovaria o “Não Violência”. Esta abordagem reflete bem a forma de nossa sociedade pensar, já opondo uma força à violência. Gandhi uma vez disse: “não gosto de pensar que sou contra as guerras, mas que sou francamente a favor da paz”.
A paz e o respeito começa dentro de cada um de nós. Ela se estende para nossas casas, nas relações entre casais e pais e filhos. A violência que vemos na comunidade e nas empresas, é apenas reflexo do que se passa no interior de cada pessoa. Compartilhamos aspectos culturais coletivamente e a mudança destes aspectos leva tempo, pois uma herança cultural é repassada de pais para filhos como a forma correta de agir.
Embora meu foco seja o desenvolvimento humano de uma forma integral, o trabalho em equipe, uma faceta que envolve o outro, tomou grande proporção em meu trabalho. Ao continuar esta pesquisa do ser humano, sou apresentado a metodologia da Comunicação Não Violenta. um divisor de águas para mim tanto no plano profissional como, principalmente, no pessoal.
Mais do que uma metodologia para trabalhar com “os outros”, é uma filosofia de vida para ser incorporada no dia a dia. Interessante que o curso “Gestão Positiva de Conflitos” que evoluiu para “Comunicação Empática – caminho da harmonia” é o treinamento que mais ministrei. Muitas organizações precisam do treinamento sobre equipes, mas TODAS as pessoas precisam compreender a forma como aprenderam a se comunicar, as violências embutidas em pequenas ironias ou brincadeiras. Aliás, cabe dizer que “brincadeira” é rir juntos e não um do outro. Outra frase de Gandhi que utilizo no início de cada curso sobre Comunicação Empática, é
“o primeiro princípio da não violência é não compactuar
com qualquer ato ou fala que humilhe o outro”
Que este dia nos inspire a refletir mais antes de falar, a ouvir e compreender o que há por trás das palavras, das ações, pois existe um mundo que não vemos e nos passa despercebido.