A seleção do Irã em um jogo de Copa de Mundo FIFA, 25 de junho de 2018, deu muito trabalho para o time de Portugal, com Cristiano Ronaldo e tudo. O empate de 1×1 já seria um resultado fantástico para o Irã, sem tradição no esporte. Entretanto, a estrela do jogo foi Alireza Beiranvand, goleiro do Irã. Sua façanha, defender uma cobrança de pênalti cobrada por ninguém menos que Cristiano Ronaldo, o CR7. Que sorte.

Alireza foi um menino pobre do interior do Irã, filho de pastores de ovelhas, que aos 12 anos foge de casa para perseguir seu sonho: Ser jogador de futebol. O pai desaprovava e chegou a rasgar um uniforme do menino. Na fuga para Teerã conhece no ônibus um técnico de futebol que lhe arruma uma vaga para treinar em um pequeno clube. Que sorte. Sem dinheiro, Alireza dorme nas ruas e na porta do clube até receber um teto da família do capitão do time. Para pagar pela moradia, foi trabalhar como varredor de rua, entregador de pizza, operário em uma fábrica de roupas até conseguir uma vaga de goleiro do sub-23 do Naft Teerã. Que sorte.

A partir daí teve uma rápida ascensão e uma bela carreira. Que sorte.

Até que dia 25 de junho, em outro golpe da sorte, defende um pênalti cobrado por CR7.

Sorte? O que é sorte? Gosto da definição de sorte que diz que ela é uma esquina, o encontro da rua da oportunidade com a avenida da preparação. Alireza trabalhou muito para ficar frente a frente com Cristiano Ronaldo em uma Copa do Mundo, em um momento tão decisivo e desfavorável ao goleiro. Estatísticas apontam que o batedor tem a probabilidade de 75.7% de converter o pênalti em gol. Já Cristiano Ronaldo bateu mais um record em janeiro de 2018, desta vez, como jogador com mais pênaltis cobrados na história do Campeonato Espanhol. Um total de 72 dos quais converteu 61 em um aproveitamento de 84,7%, muito superior a média. Azar de Alireza.

Neste momento, a rua da oportunidade conta, como sempre conta em nossas vidas. Mas estar preparado, física, mental, emocional e psicologicamente não é obra do acaso ou do destino. É fruto de muita determinação, trabalho, foco, persistência e atitude. Da construção de uma autoestima que resiste aos tempos ruins, às cobranças exageradas, às expectativas de um povo.

Michael Jordan dizia: quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho no jogo. Parabéns, Alireza, que a sorte esteja sempre com você.