Foi com esta frase que o chefe tentou confortar sua colaboradora que passava mal com os desconfortos da gravidez.
Ele havia feito recentemente um treinamento onde havia sido destacada a importância do exercício da empatia. Ele levou ao pé da letra.
A moça deve ter dado um sorriso amarelo acompanhado de um sinal positivo de cabeça, mas em sua mente devia passar a seguinte frase:
- Não, você não tem a menor ideia do que seja isto.
Assim como somos cobrados a sermos felizes o tempo todo, ao menos aparentar, também existem várias outras cobranças da sociedade moderna. Uma delas é sobre a empatia. Este conceito vem ganhando cada vez mais espaço, principalmente quando o discurso passa por conflitos, relacionamentos, comunicação e outros temas que envolvam duas ou mais pessoas.
A pergunta que fica é: – quais são os limites da empatia?
Há coisas que realmente sentimos em nós quando o outro fala. Outras, fazemos um exercício de imaginação, e vem uma gama de possibilidades de sentimentos e sensações associadas. Outros, entretanto, ficam apenas no campo da mera hipótese.
Sim, nosso cérebro tem os tais neurônios espelho cuja função é espelhar em nosso cérebro o que se passa com a outra pessoa. Elemento fundamental para gerar uma ação para ajudar outra pessoa, a empatia tem como função biológica ajudar a preservar a espécie. Uma pessoa tem um impulso de ajudar outra em diversas situações, inclusive colocando a própria vida em risco. O exemplo de soldados, policiais e bombeiros são os mais nítidos.
imagine uma cena corriqueira nas grandes cidades, onde as pessoas saem dos escritórios para almoçar. Nas ruas, a caminho do restaurante, é comum desviar-se de alguns mendigos, de mulheres com crianças de colo pedindo auxílio, e mesmo aqueles que escancaram feridas abertas para obter uns trocados. Com exímia destreza, já temos a técnica de não fazermos contato visual, isto pode ser fatal. Também traçamos rotas na calçada que nos levem o mais distante possível dos pedintes.
O que aconteceria se deixássemos nosso sistema empático totalmente ligado nesta situação? Um caos interior, pois procuraríamos ajudar cada um de uma forma. Com certeza não iríamos almoçar nenhum dia, pois sabendo da carência pela qual o outro passa, não seria ético comermos e ele não.
Pode ser muito conflituoso lidar com todas estas demandas. Assim, por segurança, nosso sistema empático é amortecido, já que desligá-lo totalmente é meio complicado.
Voltando para nosso ambiente social e empresarial, o exercício da empatia é também fundamental tanto para a saúde dos relacionamentos, quanto para o resultados das atividades.
Ema, ema, ema, cada um com seus problemas
Esta frase vem ao encontro de um amparo, uma justificativa, para dizer que cada um precisa dar conta de si e, desta forma, me alivia do suplício de ajudar a todos. Enfim, uma folga na empatia.
Mas, sendo humanos, a felicidade e a realização estão profundamente ligadas com ajudar o outro, fazer algo pelo outro, seja com nosso conhecimento, com nossa estrutura, ou simplesmente escutando em momentos difíceis.
Este talvez seja o grande desafio dos tempos atuais. Encontrar o justo equilíbrio entre a conexão com o outro e conosco, para que possamos ter ações que, como dizia vovó, não desvista um santo para vestir outro.
Manter-se humano, sentir emoções, chorar com o outro, pular de alegria com o outro, são ações que devem fazer parte de nossas vidas, e garantir nossa integridade emocional é fundamental para uma vida de equilíbrio.
E você, como anda sua empatia?