De 11 a 14 de outubro aconteceu em São Paulo a 3ª edição do FICOO, Festival Internacional da Cooperação.
Tive o prazer de participar e de compor um painel falando sobre Cooperação nas Organizações. Foi um encontro muito especial para mim, pois este mundo da Cooperação me foi apresentado em 1999, e mudou radicalmente minha forma de trabalhar e viver.
O tema Cooperação é presença constante em meus trabalhos, seja com grupos ou indivíduos. A filosofia da Cooperação permeia a forma como envolvo, transmito e partilho conteúdos, seja em textos, workshops ou palestras.
Cooperar não é simples questão de ter boa vontade para com o amiguinho
Cooperar é uma mudança de modelo mental. Cooperar é plantar juntos, cuidar juntos, colher juntos e celebrar juntos. Parece fácil, não é? Mas no dia a dia aparece uma série de desafios que atrapalham tudo. Vamos entender porquê:
Nossa sociedade, embora tenha todo um discurso falando de inclusão, fazer juntos, cooperar e etc, tem uma prática bem na contramão disso tudo. Vemos que na ação o individualismo, o interesse pessoal e o ganhar do outro prevalecem, e pouco importa o que acontece ao redor. Acabamos por acreditar que o ser humano, na sua essência seja competitivo e individualista.
Para encurtar um pouco esta estória, pesquisas da sociologia até a neurociência, demonstram que o ser humano é um ser de possibilidades. Podemos ter comportamentos altamente competitivos e destrutivos, ou francamente cooperativos e empáticos.
Então depende do que? O que muda a chavinha?
Embora tenhamos potencial para sermos competitivos ou cooperativos, temos um sistema empático comandado pelos neurônios espelho que nos programa para uma forte tendência a ajudar o outro, especialmente quando o outro esteja em problemas. Tirando o romantismo de somos lindos, fofos, bons por natureza e gostamos de ajudar o outro, biologicamente este mecanismo faz todo o sentido, pois aumenta em muito as chances de sobrevivência em um mundo cheio de perigos.
Com a consciência e a possibilidade de construções elaboradas de pensamentos nascem as crenças, e estas passam a nos acompanhar por toda a vida e a interferir em nossas deliberações.
Chegamos a um ponto interessante. Podemos construir dois modelos de mundo: um que seja de pura abundância e potencialidades, e outro que seja de escassez e cheio de perigos. Com certeza você conhece pessoas que têm, cada qual, um desses modelos.
O modelo mental da Cooperação exige o pano de fundo da abundância para prosperar. Já o modelo da Competição, precisa crer que não tem para todos e, portanto, necessita assegurar sua parte antes que alguém a pegue.
Isto quer dizer que em ambientes de escassez o ser humanos tenderá necessariamente a competir? Não!
A crença em um mundo abundante é apenas uma parte. Outra de extrema importância é o conjunto de valores que rege a tomada de decisão. Estes valores vão se refinando ao longo da vida e estão intimamente ligados com a maturidade, mas esta já é uma outra estória para outro dia.
Voltando à abundância, o desenvolvimento da crença em um mundo repleto de possibilidades, onde nada nos falta e possível para todos, orientará pensamentos, estratégias e ações que possibilitem atingir resultados que beneficiem a todos. Se olharmos a sociedade como um todo, vista aérea, veremos que existe uma inter-relação entre o “ter para todos” e o cooperar.
Seu modelo mental é de escassez ou abundância?
Você já tem a resposta, pela análise da forma como vê e interage com o mundo.
Esta visão de mundo pode ser modificada para ambos os lados a depender das experiências pelas quais você passe ou do esforço pessoal de coletar dados e construir um novo modelo.
Assim, se quer viver em um mundo de mais Cooperação, construa um modelo de abundância em sua mente. Verá que com este modelo a tranquilidade e a harmonia estarão presentes naturalmente.
Bora Cooperar?
Que bom que você existe!
Robson querido, que bom que existimos e mais um monte de gente em sintonia.